terça-feira, 21 de junho de 2011

E se as memórias fossem arquivo morto?

              Quando nos irritamos, temos o costume de dizer que esquecemos ou queremos esquecer...e rejeitamos nossas memórias, dizemos que quem vive de passado é museu. Ora, o que seria de nós sem passado? E não é por amar museus e fazer museologia, digo que nossa vida é sim memória pura, muita gente já falou sobre isso. Quando abro os olhos pela manhã eu sei quem sou, onde estou à que lugar pertenço, sei porque estou feliz ou mesmo diferencio coisas que gostaria de esquecer, isto é memória e ela definitivamente não é um arquivo morto, ela testifica todos os dias quem somos.
             E se quem vive de passado é museu e não somos museus, podemos jogar nossos amigos fora, nossas recordações fora, nossa memória fora...ah como lembrar é precioso!
             Desde os bordados do caminho de mesa da minha avó quando pequena, todos os meus fracassos, dores, conquistas. Quem seria eu sem isso tudo? Estaria em um sanatório? Certamente não, minha família e amigos talvez cuidassem de mim, mas, até quando? Eu seria um vegetal. Ah como são preciosas as minhas memórias, todas, boas ou ruins.
             Nós podemos trocar de país, de sexo, de vida presente...mas não podemos anular nosso passado, isso seria aceitar algum tipo de doença grave: não saber o mínimo sobre quem somos. Certa vez uma amiga sofreu um grande trauma e tínhamos que fazer um exercício com ela, " eu sou .... esposa do.... tenho dois filhos, trabalho em.... gosto de...." sempre perguntávamos isso, hoje ela já está ótima, e sinceramente fico feliz, porque ela estava irreconhecível. Não há coisa mais triste que uma pessoa que não sabe sequer o próprio nome.
             E se não lembrássemos de nada? Sobreviveríamos?
              Certamente não. A memória é um mecanismo primordial de sobrevivência, e se não recordássemos? Nada teria continuidade.
             Por mais que algumas recordações causem sensações ruins, são necessárias, o que digo parece óbvio, mas é que temos jargões populares com a profundidade de um papel de seda, por exemplo: "Quem vive de passado é museu" já parou pra pensar nisso?